Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

» Eurofarma integra consórcio mundial

O laboratório brasileiro Eurofarma vai integrar um consórcio mundial formado por 21 empresas presentes em todos os continentes para elaboração de pesquisas clínicas sobre glioma, um tipo raro de câncer cerebral infantil. O estudo terá como foco a Nimotuzumab, uma nova molécula biotecnológica inovadora que já está sendo licenciada para comercialização no mercado brasileiro. Segundo o vice-presidente corporativo da Eurofarma, Nelson Mussolini, o produto já tem ação comprovada para o câncer cerebral infantil e as novas pesquisas vão indicar agora o uso da molécula também para o tratamento de outros tipos de câncer de cabeça e pescoço. "Esta é uma daquelas drogas @2023MCinteligentes@2023MC que agem direto no problema, o que reduz bastante os efeitos colaterais dos pacientes", explicou o executivo. De acordo com a diretora de pesquisa e desenvolvimento da Eurofarma, Kati Vannucci Chaim, paralelamente aos estudos do uso do anticorpo Nimotuzumab para cabeça e pescoço, o laboratório brasileiro também irá conduzir pesquisas próprias sobre a atuação do medicamento nos tumores de esôfago. "Este é um medicamento muito importante e ao redor do mundo estão sendo estudados outras aplicações como faremos aqui", informou a pesquisadora. O importante no acordo fechado no final de outubro, avaliou Mussolini, é a troca de informação entre os diversos centros que estarão envolvidos no estudo, o que torna a pesquisa muito mais rápida. Além disso, coloca a medicação em teste em diversas condições de clima, cultura, hábitos alimentares etc. O nimotuzumab foi aprovado como droga órfã pelos órgãos reguladores nos EUA (Food and Drug Administration - FDA). Trata-se, portanto, de um medicamento indicado para doenças raras, ou de difícil tratamento e cuja aprovação é feita de forma diferenciada. O "Consórcio Global de Desenvolvimento do Nimotuzumab" engloba centros de referência mundiais como YM Biosciences, do Canadá e Estados Unidos; Oncoscience, da Alemanha e Comunidade Européia; Daiishi-Sankyo, do Japão; Biocon, da Índia; Cimab, de Cuba, entre outros. O acordo com o consórcio mundial de pesquisadores é um marco importante para a Eurofarma. Desde o início desta década, a terceira maior farmacêutica de capital nacional e a quinta no ranking brasileiro geral, traçou planos estratégicos bem claros para se tornar a terceira maior companhia do ranking. Os planos incluem, além de pesquisas inovadoras como a da nova molécula, o reforço da vocação da companhia, de terceirização de produção. "Queremos ser a parceira preferida das empresas de inovação de todo o mundo", disse Mussolini. Criada em 1972, a Eurofarma sempre trabalhou para terceiros em toda a sua história, conta o executivo. Atualmente, cerca de 10% das vendas da empresa vêm de produtos licenciados, fruto de parcerias entre a Eurofarma e outros laboratórios farmacêuticos. Há pouco mais de quatro anos o laboratório deu início ao ambicioso projeto de expansão de capacidade vislumbrando ampliar essa vocação. Os planos incluíram a construção de um grande complexo industrial, localizado em Itapevi, na Grande São Paulo. 2008 foi o primeiro ano de atividades de parte do novo centro, com a inauguração de um bloco de produção. Mas as obras continuam a todo vapor e até o início de 2009 uma nova unidade estará completa com um bloco de produtos líquidos orais, sólidos e semi-sólidos; o segundo com produtos hormonais sólidos e injetáveis; e um terceiro só com produtos oncológicos. O projeto deve consumir cerca de R$ 320 milhões, sendo 35% provenientes de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante de capital próprio. Esse novo complexo garantirá os planos de expansão da Eurofarma, uma vez que em pleno funcionamento, triplicará a capacidade da companhia, antes espalhadas por cinco fábricas em São Paulo e no Rio. Hoje, a empresa produz cerca de 150 milhões de unidades (caixas) por ano. Terceirização O objetivo é poder atender empresas globais que queiram entrar no mercado latino-americano sem ter de investir diretamente em unidades locais. Segundo Mussolini, como a América Latina não chega a responder nem por 10% do mercado mundial de produtos farmacêuticos, muitas companhias não se sentirão atraídas a investir em estruturas regionais. "Ainda mais em um momento de crise financeira como o atual". O fato de a Eurofarma possuir um complexo que atende aos mais rigorosos requisitos internacionais abre um leque imenso de possibilidades de parcerias futuras. Além disso, a Eurofarma continuará apostando também em genéricos e nas parcerias com as universidades. "A união com o meio acadêmico é utilizada no mundo inteiro como uma das formas de buscar inovação e acreditamos muito nisso", disse Mussolini. A idéia é unir o conhecimento existente no meio acadêmico com as ferramentas de marketing e conhecimento de mercado das empresas. Para isso, o laboratório está investindo 5% de seu faturamento, que em 2007 foi de R$ 1,4 bilhão e em 2008 deve subir 17%.