Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Pílula pode reduzir risco de contaminação do vírus da Aids

Uma pílula capaz de diminuir o risco de contaminação do vírus da Aids, mesmo quando a pessoa tem relação sexual sem camisinha, está em teste. A terapia ainda não teve sua eficácia comprovada, mas já é receitada, embora por um número muito pequeno de médicos. Chamado profilaxia pré-exposição (ou PrEP, na sigla em inglês), o tratamento preventivo prevê que os pacientes tomem apenas um comprimido por dia. Um drágea duas vezes por semana ou nos períodos em que a pessoa mantiver relações sexuais sem proteção funcionaria. - Isto reduz o preço e a toxicidade dos medicamentos - afirmou Mike Youle, diretor do centro de pesquisa em HIV do Royal Free Hospital de Londres, que foi uma das pessoas a fazer o lobby para a realização dos testes da PrEP. - A maioria das pessoas não tem relações sexuais todos os dias. O estudo publicado na revista New Scientist indica que o medicamento pode ter um efeito moderado: reduzindo o risco de contaminação para cerca de 2/3. De acordo com o artigo, os remédios usados na terapia preventiva são o Tenofovir e o Truvada - que contém o mesmo princípio ativo da primeira droga, o Tenofovir, e também um outro medicamento chamado emtricitabina. As pesquisas feitas com animais sugerem que as duas drogas bloqueiam a infecção do HIV, sendo que o Truvada seria um pouco mais eficaz. Porém, o grau de proteção oferecido pelos medicamentos depende de fatores, como a dose administrada, mas em alguns casos, o Truvada bloqueou completamente a transmissão da doença. Os remédios antivirais funcionam ao suprimir a replicação do vírus e, com isso, paralisar a progressão da contaminação pelo HIV. A proposta dos cientistas é que, quando usados de maneira preventiva, os medicamentos consigam inibir tão bem a reprodução do vírus que o sistema imunológico possa eliminar o HIV e evitar que a infecção se instale. Vários testes da terapia PrEP estão ocorrendo, envolvendo um total de 19 mil pessoas em risco - incluindo usuários de drogas injetáveis, homossexuais e mulheres sexualmente ativas em áreas de alta incidência de HIV - em várias partes do mundo. No entanto, esses medicamentos já são usados como tratamento para o HIV, em um tipo de terapia antiretroviral. Conforme a New Scientist, isso faz com que já exista muita informação a respeito da segurança no uso desses remédios. A revista informa que esses medicamentos podem estar prontos para o uso em prevenção bem antes do que uma vacina contra a Aids. O primeiro resultado sobre o uso do Tenofovir deve ser divulgado ano que vem, e as informações sobre o uso do Truvada como terapia preventiva, em 2010. Crítica Pesquisadores consultados pela New Scientist afirmam, porém, que a terapia PrEP também atraiu críticas. A principal preocupação de especialistas é que a PrEP leve as pessoas a um falso senso de segurança, encorajando o sexo sem a proteção de preservativos e, paradoxalmente, espalhando ainda mais o vírus. Isso sem falar nas outras doenças sexualmente transmissíveis. Outro problema que poderia ocorrer é a resistência que o HIV pode desenvolver ao medicamento. Muitos temem que alguns usuários da PrEP não saibam que são portadores do HIV. Como a terapia envolve apenas um ou dois medicamentos, o vírus poderia desenvolver resistência a eles.Fonte: Jornal do Brasil - Rio de Janeiro