Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

CFF diz que hospital sem farmacêuticos em oncologia expõe paciente a riscos

Em congresso, Walter Jorge João fez críticas aos diretores de hospitais públicos e privados que não incluem farmacêuticos especialistas em oncologia nos quadros desses estabelecimentos

O presidente do CFF (Conselho Federal de Farmácia), Walter Jorge João fez críticas aos diretores de hospitais públicos e privados que não incluem farmacêuticos especialistas em oncologia nos quadros desses estabelecimentos. “Muitos, em vez disso, preferem admitir profissionais não habilitados, que vão para os setores de oncologia exercer ilegalmente a profissão farmacêutica, expondo os pacientes a iminente risco de vida”, denunciou Walter João.

As declarações do presidente do CFF são parte do discurso proferido na tarde da última sexta-feira (20), durante a abertura do VI Congresso da Sobrafo (Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia), realizado em Brasília nesse final de semana.

O dirigente do CFF informou que o órgão não vai mais tolerar o cerceamento que as autoridades e dirigentes hospitalares estão impondo aos farmacêuticos em oncologia. “Lutaremos na Justiça e em quaisquer outros fóruns para garantir o exercício das atividades desses profissionais e de todos os outros”, declarou.

Walter Jorge afirmou que sempre que está diante do tema Farmácia em Oncologia, o que lhe vem à mente é o sentido de organização e a intensa qualificação técnico-científica dos farmacêuticos que atuam no segmento.

Ele elogiou os dirigentes da instituição, por trazerem ao debate um tema necessário, que é a questão da interdisciplinaridade. “Farmacêuticos em oncologia são, por excelência, profissionais da saúde focados na interdisciplinaridade, porque os seus fazeres complementam os fazeres do restante da equipe multiprofissional e são complementados pelas ações dos seus pares nas mesmas equipes. Eis, aí, a unidade na diversidade que leva à segurança do paciente e ao acerto dos procedimentos”, acrescentou.

Ainda de acordo com o presidente do CFF, os farmacêuticos em oncologia têm responsabilidades sociais e em saúde enormes, pois pesa sobre eles uma gigantesca demanda de cuidados por conta do número cada vez mais crescente de pacientes oncológicos. Cerca de 13 milhões de pessoas são diagnosticadas anualmente com câncer, no Brasil. Destas, 7,6 milhões morrem vítimas da doença. Em 2011, houve aproximadamente 500 mil novos casos de câncer, citou Jorge João.

Segundo o CFF, a realidade brasileira chama a atenção. Se por um lado representa um desafio para os farmacêuticos, por outro, abre um real nicho de mercado, que deve atrair dez vezes mais especialistas, nos próximos cinco anos, para atuar desde a manipulação de quimioterápicos antineoplásicos à atenção ao paciente oncológico, além de muitas outras ações.

Aproximação - Walter Jorge adiantou que o CFF, estará sempre, próximo da Sobrafo e informou ainda que a aproximação já se iniciou, com a nomeação da presidente da entidade, Iara Maria Franzen Aydos, para ocupar uma cadeira na Comissão de Farmácia Hospitalar.

O presidente do CFF concluiu, destacando a qualidade dos serviços prestados pelos farmacêuticos oncológicos. “A Farmácia em Oncologia, no Brasil, está chegando a um nível de complexidade e de excelência que me obriga, com toda a minha convicção de dirigente do órgão máximo da profissão farmacêutica, a dirigir aos senhores um vigoroso parabéns, que é extensivo aos diretores da Sobrafo”.

Congresso - O “VI Congresso Brasileiro de Farmacêuticos em Oncologia” foi realizado no Hotel Royal Tulip, em Brasília, entre os dias 20 a 22 de abril. Cerca de mil farmacêuticos especialistas de todo o país e autoridades em oncologia do mundo inteiro participam do evento.

O Congresso trouxe um temário complexo, abordando vários aspectos atuais desse segmento farmacêutico, como manipulação de antineoplásicos; gestão da qualidade, auditoria e qualificação dos serviços de Farmácia em Oncologia, ética em oncologia – qual o limite dos tratamentos, após a falha, com o gold standard?; os desafios do tratamento do câncer de mama triplo negativo, estabilidade estendida de medicamentos: conceitos e aplicações de testes; cuidados paliativos - novas formas farmacêuticas para o tratamento da dor, entre outros.