Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Uso de epinefrina em crianças: uma revisão baseada em evidência

O artigo ublicado no Jornal de Pediatria com o objetivo de apresentar evidências sobre a segurança da nebulização com 3 a 5 ml de adrenalina (1:1000) no tratamento das crianças com obstrução inflamatória aguda das vias aéreas

A adrenalina (epinefrina) é um estimulante potente de receptores a- e ß-adrenérgicos. Além de sua ampla utilização na ressuscitação cardiopulmonar, a adrenalina tem sido aplicada, através da via inalatória, em crianças com obstrução aguda das vias aéreas, causada por processos inflamatórios, tais como laringotraqueobronquite (crupe) e bronquiolite1.

Acredita-se que os benefícios clínicos da adrenalina no tratamento da obstrução aguda das vias aéreas resultem dos seguintes efeitos farmacológicos: redução das secreções respiratórias e do edema da mucosa respiratória (efeitos a-adrenérgicos), relaxamento do músculo liso das vias aéreas e inibição do processo inflamatório (efeitos ß- adrenérgicos)1,4.

O artigo de revisão de Linjie Zhang e Lucas Soares Sanguebsche, publicado no Jornal de Pediatria com o objetivo de apresentar evidências sobre a segurança da nebulização com 3 a 5 ml de adrenalina (1:1000) no tratamento das crianças com obstrução inflamatória aguda das vias aéreas.

O vice-presidente do CRF/MS, Wilson Hiroshi, exemplifica a situação: em unidades de saúde é comum o uso de epinefrina (adrenalina) pela via inalatória para algumas situações como laringotraqueobronquite e bronquiolite, especialmente em crianças, mas sempre fica a dúvida sobre a segurança do uso deste medicamentos.

"Durante um plantão em um posto de saúde a equipe de enfermagem veio me consultar sobre a segurança da dose acima do usual em uma criança de 3 meses, no momento não soube responder. Mas depois estudando sobre o assunto encontrei um artigo bastante esclarecedor", enfatiza. Para conferir o artigo na íntegra clique aqui.

Os dados do estudo foram sintetizados através de sete ensaios clínicos, com um total de 238 pacientes. Dos cinco ensaios clínicos nos quais a maior dose (> 3 ml) de adrenalina foi usada, dois demonstraram aumento significativo de frequência cardíaca. O aumento médio de frequência cardíaca variou de sete a 21 batimentos por minuto, até 60 minutos após o tratamento. A maior incidência de palidez foi observada em um ensaio clínico com 21 crianças tratadas com 3 ml de adrenalina através de nebulização (47,6% no grupo de adrenalina versus 14,3% no grupo de salbutamol, 30 minutos após o tratamento). Não foram observados, em dois ensaios clínicos, efeitos significativos em nebulização com adrenalina (4 e 5 ml) na pressão arterial sistêmica.

A conclusão dos autores é de que as evidências mostram que nebulização com 3 a 5 ml de adrenalina (1:1000) é uma terapia segura, com poucos efeitos colaterais, em crianças com obstrução inflamatória aguda das vias aéreas.