Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Orientações sobre a utilização do teste rápido de antígenos na detecção do SARS-CoV-2

Informações do Ministério da Saúde

No atual estágio da pandemia de Covid-19, a necessidade da testagem laboratorial em larga escala é fundamental para interromper ou diminuir a transmissão comunitária da infecção por SARS-CoV-2 e preservar o funcionamento adequado dos serviços de saúde, evitando o colapso da rede hospitalar e dos serviços de urgência-emergência.

A resposta laboratorial à pandemia de COVID-19 no primeiro momento foi realizada pelos Laboratórios de Referência Nacional (LRN) e Regionais (LRR), formados pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, da FIOCRUZ/RJ, o Instuto Adolfo Lutz (SP) e Instuto Evandro Chagas (IEC). Os três laboratórios foram responsáveis pela implantação do diagnóstico da Covid-19 pelo método RT-PCR conhecido como padrão-ouro para a detecção ou diagnóstico da COVID-19 no país, técnica posteriormente descentralizada e empregada pelos LACEN’s de todo país.

A técnica RT-PCR consiste na detecção realizada por material genético do vírus (teste molecular). O exame é coletado por secreção naso-orofaringe e a amostra é obtida por meio de swab (cotonete). O teste deve ser feito do 2° ao 12° dia do início dos sintomas. A reação da transcriptase reversa continua como método padrão-ouro para diagnóstico laboratorial da COVID-19, seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) para amostras coletadas no trato respiratório superior ou inferior. Desde o começo da pandemia o uso dos testes moleculares como o RT-PCR nos laboratórios foi muito empregado, mas em muitos países o acesso ao teste e o volume de testagem necessário se mostrou complexo para suprir toda a cadeia com este método. Desta forma as atenções voltaram-se para o desenvolvimento de alternativas mais rápidas e menos onerosas para atingir estes objetivos.

Os testes rápidos de antígenos virais são comumente usados no diagnóstico de patógenos respiratórios, incluindo vírus influenza e vírus sincicial respiratório (VSR). Esta metodologia consiste na imuno-detecção por fluxo lateral, compreendendo um protocolo de simples execução. Esta metodologia normalmente é composta por um invólucro plástico com espaços para a amostra e para os tampões, uma tira de nitrocelulose contendo uma linha impregnada com anticorpos específicos contra o alvo de interesse e uma segunda linha de controle para validação da reação. O FDA concedeu autorização de uso de emergência (EUA) para testes de antígenos que podem identificar o SARS-CoV-2.

Os testes de antígeno são imunoensaios que detectam a presença de um antígeno viral específico, o que indica infecção viral atual. Os testes de antígeno estão atualmente autorizados para serem realizados em amostras de esfregaço nasofaríngeo ou nasal colocadas diretamente no tampão de extração do ensaio ou reagente. Os testes de antígeno são relativamente baratos e podem ser usados no local de atendimento ou assistência do paciente e por isso são conhecidos como dispositivos point-of-care. Os dispositivos atualmente autorizados retornam resultados em aproximadamente 15 minutos. Os testes de antígeno para SARS-CoV-2 são geralmente menos sensíveis do que os testes virais que detectam o ácido nucleico usando a reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR). A interpretação adequada dos resultados do teste de antígeno é importante para o manejo clínico preciso de pacientes com suspeita de COVID-19 ou para a identificação de pessoas potencialmente infectadas quando usadas para triagem.

O teste rápido para detecção de SARS-COV2 é urgentemente necessário nos primeiros sintomas da doença para isolar o paciente infectado e efetivamente controlar a propagação da doença dentro da população, principalmente em locais com dificuldades técnicas e de logísca para realização do RT-PCR, atendendo determinados critérios populacionais.

O RT-PCR e o teste rápido para detecção de antígeno tem o potencial para o diagnóstico inicial no curso da doença, diferentemente dos ensaios sorológicos, que detectam anticorpos formados após cerca de 20 dias da exposição ao vírus.

Considerando que o RT-PCR tem custo considerado caro ou oneroso aos pacientes, às operadoras de planos de saúde e aos serviços de saúde devido às características inerentes à metodologia, o ensaio de fluxo lateral de antígeno pode ser uma alternativa de menor custo e mais acessível para o diagnóstico laboratorial de SARS-COV-2.

Os dados sobre a sensibilidade e especificidade de testes de detecção de antígeno para SARS-COV-2 atualmente disponíveis tem mostrado que a sensibilidade desses testes comparado aos testes de amplificação dos ácidos nucleicos (NAAT) em amostras do trato respiratório varia de 80 a 94%, mas a especificidade é elevada sendo relatada como superior a 97%.

O teste rápido de antígeno é altamente recomendável em casos de suspeitas de surtos de COVID-19 em configurações remotas, instituições e comunidades semifechadas, onde os testes de amplificação dos ácidos nucleicos não são imediatamente acessíveis. A identificação de casos positivos de COVID-19 permite a implementação precoce de medidas de isolamento e controle da infecção, interrompendo a cadeia de transmissão.

O teste rápido de detecção de antígeno tem maior probabilidade de ter um bom desempenho em pacientes com altas cargas virais, que geralmente aparecem na fase pré-sintomáticas e sintomática da doença (nos primeiros 05 a 07 dias da doença). Dessa forma, o teste rápido de detecção de antígeno oferece uma excelente oportunidade de diagnóstico precoce e a interrupção da transmissão por meio de isolamento direcionado dos casos infecciosos e seus contatos próximos. Pacientes que apresentam mais de 5 a 7 dias após o início dos sintomas são mais propensos a ter cargas virais mais baixas e a probabilidade de resultados falso-negativos é maior com os testes rápido de antígeno, por essa razão não são indicados para esses casos.

Apesar dessas limitações, o teste rápido de detecção de antígeno pode desempenhar um papel significativo na orientação do manejo do paciente suspeito e na vigilância dos casos de COVID-19, desde que atendam aos requisitos mínimos de desempenho de 80% de sensibilidade e de 97% de especificidade, estão indicados e representam uma estratégia útil e acessível para diagnosticar a infecção por SARS-CoV-2, pois apresentam ótima sensibilidade e especificidade para detectar precocemente a infecção por SARS-CoV-2 nas fases iniciais da infecção e da replicação viral, exatamente no período de maior transmissibilidade.

Com base nessas informações e nos dados publicados, o Ministério da Saúde tem recomendado o uso de testes rápido de pesquisa de antígeno para detecção de SARS-CoV-2.

Fluxograma abaixo, demonstrando o uso potencial dos testes rápidos de antígenos em ambientes de transmissão na comunidade (NOTA TÉCNICA Nº 98/2020-CGLAB/DAEVS/SVS/MS):

Figura 1: Fluxograma demonstrando o uso potencial dos testes rápidos de antígenos em ambientes de transmissão ampla da comunidade.

*VPN= Valor preditivo negativo, *VPP= Valor preditivo positivo. Figura adaptada WHO, 2020.