Anvisa diz que não há prazo para decidir sobre proibição de venda de emagrecedores
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, disse que não há prazo para que o órgão decida sobre a proposta de proibir a venda de emagrecedores com sibutramina e dos chamados anorexígenos anfetamínicos, que têm em sua composição as substâncias anfepramona, femproporex e mazindol.
De acordo com Barbano, a discussão já se arrasta por um ano, mas a definição só será dada quando houver informação suficiente por parte da diretoria colegiada.
Barbano destacou, entretanto, que considera consistentes os elementos citados no relatório elaborado pela Anvisa que aponta que, mesmo com o controle da venda de emagrecedores, os riscos não compensam.
Já os representantes da classe médica defenderam na audiência realizada na última semana que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atue mais fortemente na fiscalização da venda de inibidores de apetite, mas desista de banir o medicamento no país.
Para o representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), Desiré Carlos Calegari, a proposta da Anvisa de retirar os produtos do mercado fere a autonomia dos médicos, por deixá-los sem alternativa de tratamento para o paciente.
A vigilância sanitária está extrapolando, disse.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (Sbem) e representante da Associação Médica Brasileira (AMB), Ricardo Meirelles, a sensação dos médicos é de apreensão por conta das consequências no tratamento contra a obesidade.
Os técnicos da Anvisa são competentes, mas não lidam diretamente com o problema. O médico tem mais condição de contribuir.
Já o gerente de Farmacovigilância da Anvisa, Murilo Freitas, destacou que a própria bula dos inibidores de apetite comprova a tese de que os riscos superam os benefícios, ao informar que a perda de peso é transitória.
Quanto mais prolongado for o uso, maior a chance de dependência. Até que ponto vale a pena a utilização desses medicamentos?, questionou.
Anthony Wong, médico e um dos consultores da Câmara Técnica da Anvisa, alertou que a obesidade é a segunda maior causa de internação psiquiátrica em todo o país – perde apenas para o álcool – e deve ser vista como uma situação multifatorial. Reduzir o apetite do paciente, segundo o especialista, não é o fator principal para o emagrecimento.
O medicamento é um fator pequeno no benefício, lembrou, ao destacar a importância de atividades físicas e do acompanhamento psicológico.