O calor excessivo do verão é uma verdadeira ameaça às pessoas que sofrem de enxaqueca. Isso porque as altas temperaturas podem desencadear crises fortíssimas, mesmo em quem ainda não havia descoberto a doença. Até o consumo de um inocente sorvete, pelo choque térmico que ele pode causas, também é capaz de provocar crises de enxaqueca. O paciente com enxaqueca tem uma alteração no processamento da dor. Isso acontece em seu tálamo, explica Carlos Bordini, presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia. O tálamo é uma região do cérebro que funciona como reagente aos estímulos de dor. No enxaquecoso, há uma super sensibilidade. Ele interpreta estímulos de forma distorcida, mais intensa. Ao tocar a pele, uma pessoa saudável recebe o estímulo de tato. Ao ser exposto à luz, o registro de estímulo é diferente e, por fim, ao ser exposto a uma corte, o estímulo registrado será de dor. No enxaquecoso, estímulos de luz e de tato podem ser registrados como estímulos de dor, dando início a uma crise, explica o neurologista. Outro problema é a chamada enxaqueca do sorvete. é comum qualquer pessoa sentir uma certa dor entre os olhos ao encostar sorvete gelado no céu-da-boca. A dor persiste por poucos segundos, mas ela pode se prolongar por muito mais tempo em enxaquecosos. Bordini explica que existem tratamentos eficazes para esses problemas, com o uso de neuromoderadores. São medicamentos que vão reduzir o excesso de excitabilidade do cérebro, detalha. Outra alternativa é evitar o consumo de sorvetes ou de bebidas muito geladas no verão, caso esse seja um gatilho comum de enxaquecas para o portador da doença. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a enxaqueca atinge cerca de 20% da população. A doença se manifesta, geralmente, por meio de uma forte dor de cabeça, que pode durar de três horas a três dias. Crises de enjoo, vômitos, aversão ao barulho e à claridade também são sintomas da enxaqueca. Ela pode se manifestar, inclusive, sem a presença de dores de cabeça. A doença pode se manifestar apenas como pontos luminosos piscantes, a chamada aura da enxaqueca.