Anvisa suspende implantação de selo para rastrear remédios
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu a implantação do polêmico sistema de rastreabilidade de remédios no país. A decisão, publicada nesta quinta-feira (3) no Diário Oficial, atende a uma recomendação do governo.
Num claro sinal de derrota, a agência agora vai rever a tecnologia que havia sido escolhida para acompanhar a trajetória do remédio desde a produção até o consumidor: um selo feito pela Casa da Moeda. Um grupo de trabalho, formado por representantes dos ministérios da Saúde, da Justiça, Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, terá 60 dias para discutir as alternativas existentes.
Em outubro passado, a Anvisa anunciou que o rastreamento seria feito com adoção de um sistema que usaria uma etiqueta produzida pela Casa da Moeda que reuniria duas tecnologias: o código bidimensional e um selo.
O anúncio, no entanto, foi duramente criticado pela indústria. "Somos favoráveis ao rastreamento, mas defendemos o código bidimensional. O uso do selo foi para nós uma surpresa", disse Nelson Mussolini, do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo.
O presidente executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) afirma que o modelo proposto pela Anvisa custaria cerca de quatro vezes mais do que o uso do código bidimensional.
O sistema proposto pela Anvisa, com selo da Casa da Moeda, deveria ser implantado de forma escalonada. A Sindusfarma, no entanto, havia ingressado com uma ação contra o sistema.
Para Ronaldo Abrão, farmacêutico e presidente do CRF/MS é uma pena que ações importantes como esta, do controle total dos medicamentos, esbarrem em processos burocráticos meramente mercantilistas.
A sociedade foi derrotada mais uma vez pelos interesses econômicos das indústrias que teriam sua produção numerada e rastreada. Quanto ao consumidor, que quando implantado este sistema de rastreamento poderia ter a certeza se aquele medicamento é falso ou não, mais uma vez perdeu a batalha sem ter uma explicação convincente, já que o custo do selo sobre o custo final do medicamento não convence nem uma criança, ressaltou Ronaldo.