Brasileiros criam método que detecta paralisia infantil em apenas uma semana
Apesar de a poliomielite ter sido erradicada do Brasil há 16 anos, o esforço de monitoramento sobre a possível reintrodução do vírus permanece. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) criou um novo método para a detecção do vírus, misturando o exame indicado como padrão pela OMS (Organização Mundial da Saúde) com técnicas moleculares.
O procedimento diminui o prazo de entrega do resultado de três para uma semana, além de identificar a versão de poliovírus presente na amostra.
"Os poliovírus, conhecidos por causar a poliomielite, são os mais graves dentre os enterovírus, mas a doença é um evento muito raro. De cada mil pessoas infectadas com o vírus selvagem, somente uma ou duas irão desenvolver a doença paralítica. As outras terão sintomas como os de um resfriado comum, e também podem acontecer casos de meningite", explica o pesquisador Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus da Fiocruz.
Um dos desafios para a vigilância da doença é justamente a rara manifestação de sintomas mais graves, abrindo espaço para que possa ocorrer a circulação silenciosa do vírus. Situações em que a vacina não é adequada causam ainda mais preocupação, explica Elias.
A técnica desenvolvida pela Fiocruz pode ser aplicada em amostras de fezes ou líquido cefalorraquidiano. Ela já está sendo usada de forma experimental no laboratório da fundação.
No Brasil, o último caso de poliomielite causado por vírus selvagem ocorreu em 1989. O país recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite em dezembro de 1994. No continente americano, o último caso foi registrado no Peru, em 1991. O processo de erradicação global da poliomielite está adiantado, mas a doença ainda é registrada em países como Índia, Nigéria, Afeganistão e Paquistão.