Cerrado abriga grande variedade de plantas medicinais
Entre as pequenas árvores de troncos torcidos e a vegetação rasteira que formam o cerrado, é possível encontrar uma grande variedade de plantas que são verdadeiros remédios naturais, já utilizadas pelas comunidades que vivem nas regiões onde o bioma se manifesta. Um estudo mais aprofundado dessas espécies pode levar à produção de novos medicamentos, acreditam pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) que fizeram um levantamento sobre o uso de plantas para fins terapêuticos pelas populações do nordeste de Goiás, mais especificamente do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Na pesquisa, entre vários tipos de plantas citados, foram identificadas 12 espécies bastante usadas pelos moradores de todas as oito localidades estudadas: as comunidades quilombolas kalunga de Emas, Limoeiro, Ribeirão de Bois e Engenho II e as localidades de Teresina de Goiás, Cavalcante, São Jorge e Alto Paraíso. “O amplo emprego dessas plantas nas práticas de medicina popular é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos”, defende a autora do estudo, Natália Prado Massarotto.
Segundo a engenheira florestal, o isolamento dessas comunidades faz com que o conhecimento das plantas medicinais seja mais valorizado e difundido do que os medicamentos convencionais. Mesmo nas áreas urbanas, o conhecimento popular, passado de pai para filho, está muito presente.
Catálogo
Durante a investigação, os moradores citaram diversas outras espécies, para as quais encontraram os mais variados usos. As informações foram compiladas em uma relação de 358 espécies, 206 gêneros e 89 famílias de plantas conhecidas por essas populações. “Esse catálogo é de fundamental importância para a descrição da vegetação do cerrado, além da preservação e registro cultural de como a população a utiliza”, afirma Natália.
Os resultados do estudo demonstraram ainda que não há muita diferença entre o conhecimento e utilização de plantas medicinais entre as localidades estudadas, destacando-se a comunidade kalunga Engenho II, onde um número maior de espécies vegetais foi citado. “Esse trabalho também demonstra que o acervo de conhecimento sobre a biodiversidade local é uma característica da região nordeste de Goiás. E essa sabedoria não se restringe apenas às comunidades kalunga, existe também na população em geral”, explica a pesquisadora.