Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

CRF/MS alerta para intoxicação; já são 176 casos por medicamentos em 2012

A intoxicação por medicamentos lidera o ranking, à frente de agrotóxicos e animais peçonhentos. Dos registros, 87 deles foram causados por acidentes individuais

O CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia) do Estado de Mato Grosso do Sul alerta para os riscos de intoxicação por medicamentos, só de janeiro a maio deste ano, segundo dados do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), foram registrados 176 casos.

A intoxicação por medicamentos lidera o ranking, à frente de agrotóxicos e animais peçonhentos. Dos registros, 87 deles foram causados por acidentes individuais, quando a pessoa ingere o medicamento sem a intenção de se intoxicar.

Os riscos de intoxicação estão cada vez maiores e dentro dos domicílios. Do total de casos, 77 deles aconteceram com crianças de 1 até 4 anos. Para o representante do CRF/MS, Ronaldo Abrão, este acúmulo de medicamentos nas residências se deve em parte ao fácil acesso e a grande oferta.

“Como se não bastasse tudo isso a nossa cultura na prática da automedicação. Este quadro expõe os idosos e principalmente as crianças ao uso destes produtos”, enfatiza Abrão.

Outro fator que explica o elevado número de intoxicações são os medicamentos vencidos. A estimativa é de que 80% estejam armazenados dentro das casas. Uma das bandeiras erguidas pelo CRF/MS, a luta pela destinação correta.

“Precisamos alertar a população do grande risco que ela corre quando descarta os medicamentos sem qualquer cuidado no Meio Ambiente, porque eles, em contato com o lençol freático e as águas de superfície, provocam contaminação e acabam voltando para as nossas residências. As estações de tratamento de água não eliminam estes produtos, então a cada vez que abrimos uma torneira sai junto com a água, hormônios, antiinflamatórios, antibióticos, agrotóxicos e toda a sorte de produtos químicos”, destacou o representante do CRF/MS.

Desde dezembro de 2010, uma lei municipal, indicada pelo presidente licenciado do Conselho, Ronaldo Abrão, autorizava o poder público a implantar pontos de coleta de medicamentos vendidos. A lei aprovada por unanimidade e sancionada pelo prefeito, ainda não foi regulamentada.

Neste mês de junho, o CRF/MS foi convidado pela Anvisa para formar um grupo de trabalho estadual e trabalhar na implantação da campanha nacional pela destinação correta dos medicamentos vencidos. A base do trabalho é a logística reversa, dando a responsabilidade às indústrias do recolhimento destas verdadeiras armas.

O resultado foi a formação de comissões que vão cuidar desde o mapeamento, custos operacionais, logística até a implantação de pontos na rede privada e pública. Trabalho que deve começar ainda neste segundo semestre.

“Nossa insistência em abordar este assunto já trouxe frutos e ultrapassou fronteiras, vemos com grande felicidade o Brasil discutindo o tema, criando leis, envolvendo a sociedade e com a força da Anvisa, que abraçou a causa, estamos próximos da criação de postos permanentes para que a população descarte estes produtos e eles tenham a destinação ecologicamente correta. Atuaremos como uma campanha de desarmamento livrando a população desta verdadeira arma”, finalizou Ronaldo Abrão.