Criança hiperativa corre risco de se tornar bipolar, diz especialista
Crianças hiperativas correm o risco de manifestar transtorno bipolar (alternar momentos de euforia e depressão, sem uma razão aparente) em alguma fase da vida, alerta o psiquiatra Teng Chei Tung, autor do livro "Enigma Bipolar". Ele diz que ainda se pesquisa a relação entre os dois problemas, mas já se suspeita que a bipolaridade altera uma função cerebral, provocando distúrbios como o déficit de atenção.
De origem chinesa, o especialista mudou para o Brasil ainda na infância e estuda a bipolaridade há 16 anos. Ele participa do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. É co-autor dos livros "Entendendo a Síndrome do Pânico" e "Suicídio - Estudos Fundamentais" (Segmento Farma) e também defendeu uma tese de doutorado sobre a Síndrome Pré-Menstrual.
Segundo Tung, um em cada cinco brasileiros sofre algum tipo de transtorno de humor em algum momento da vida. Só a bipolaridade atinge 10% da população. Para se obter um diagnóstico completo, são necessárias sessões de duas a quatro horas, afirma o psiquiatra. Nos consultórios, ele percebe que cada vez mais crianças e adolescentes apresentam quadros de depressão, tanto a tradicional como a bipolar.
Alterações no sono, no apetite, aumento da impulsividade, envolvimento em aventuras sexuais, excessos de conduta, uso de drogas, isolamento, gastos exagerados e agressividade são alguns dos sintomas de quem vive uma crise de bipolaridade. Mas nem sempre esses indícios chegam a configurar a doença.
"Às vezes as pessoas são elétricas por natureza e vivem muito bem sem ter prejuízo com isso", afirma o autor.
Eletrochoque
No livro "Enigma Bipolar", o psiquiatra sustenta que o ECT (eletroconvulsoterapia), popularmente conhecido como eletrochoque, é atualmente um dos tratamentos para o transtorno bipolar, apesar de a maioria das pessoas associá-lo a castigos e torturas.