Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Crianças aprendem a comer melhor e previnem obesidade

Trocar o chocolate por uma fruta, escolher suco no lugar do refrigerante e não torcer o nariz para as verduras são verdadeiras batalhas na hora de se sentar à mesa. O esforço dos pais para convencer os filhos a consumir alimentos saudáveis ganha reforço em um programa que previne e combate a obesidade infantil. O programa atende crianças de 5 a 12 anos, por meio de uma equipe multidisciplinar, ligada à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que busca identificar as causas nos casos de sobrepeso e obesidade. Os participantes do programa são direcionados para o Cei (Centro de Especialidades Infantis) após serem atendidos na rede pública de saúde. O médico pode ser o primeiro a identificar sintomas da obesidade. O que provoca a obesidade na maioria dos casos é a má alimentação, o que não significa comer demais, e o sedentarismo. As famílias têm o costume de comprar bolacha recheada, salgadinhos fritos e refrigerantes. E isso não acontece somente nas classes mais altas. é cultural, explica a nutricionista Caroline Eickhoff. As facilidades na hora de comprar alimentos e o conforto de pedir comida rápida, o popular fast-fodd não contribuem na melhoria dos hábitos alimentares das famílias. As crianças que participam do programa tem um duplo desafio, que é aprender a gostar de alimentos considerados ‘ruins’ e ensinar os pais a trocar os hábitos, complementa Caroline. No programa, as crianças passam por avaliação com profissionais como endocrinologista, terapeuta ocupacional, psicólogo e educador físico, que promovem uma reorganização da rotina. A avaliação da obesidade considera peso, altura, medidas corporais e a idade da criança. O aprendizado é feito por meio de jogos e brincadeiras, que estimulam a socialização e a escolha de alimentos mais saudáveis. As mães e responsáveis recebem livro de receitas, aprendem a comprar frutas de época, e preparar receitas alternativas, como hambúrguer de soja e pão de abóbora. O objetivo principal do programa é prevenir o surgimento de doenças como pressão alta, colesterol e diabetes nos pequenos. Em muitos casos, a criança não emagrece, mas estabiliza o peso e diminui índices de gordura, ganhando disposição e estímulo para participar de atividades, como brincar e praticar esportes. Emocional – Mais que o problema de saúde, a obesidade infantil pode causar transtornos emocionais na criança gordinha, em uma espécie de bullying. Quando a criança está acima do peso, ela pode ser excluída do grupo, ser vítima de apelidos como ‘baleia’ e se sentir preterida. Isso a desestimula a participar de jogos, brincadeiras, afirma Giordana Faccin, terapeuta ocupacional do programa. Com o isolamento do grupo, a criança pode buscar refúgio na comida. Muitas vezes ela não come por vontade, mas para compensar uma tristeza ou por se sentir ansiosa, afirma a nutricionista. Histórico – Cristian Hitel, de 11 anos, sempre foi uma criança considerada acima do peso. A mãe, Denize Lada, de 32 anos, reconhecia que o filho era gordinho, mas não sabia como lidar com isso. Em casa, a gente comia muito pão, bolo, doce, tomava refrigerante, e todo mundo achava normal, conta Denize. Quando entrou no programa, pesando 64,5 kg, o menino não comia qualquer tipo de fruta e virava a cara para verduras. Hoje ele aprendeu a comer e até me cobra quando faltam as preferidas, que são mexerica, banana e mamão, relata a mãe. Um alimento que Cristian não dispensa é granola, preparada com aveia e fibras. O pré-adolescente iniciou recentemente no vôlei e vai começar a praticar natação. Me sinto mais disposto. Antes eu ia brincar e já ficava cansado. Agora sou forte, orgulha-se Cristian. Cebolinha – O pequeno Jansley Gabriel, de 6 anos, sempre foi um menino agitado. Desde o final de 2009, a avó, Maura Jane Ricce Tenório, percebeu que o neto andava mais ansioso e que as roupas estavam ficando apertadas. Ele queria comer o tempo todo, era pão, biscoito, banana. Não parava de mastigar. E na escola tinha muita reclamação porque ele tem um problema de trocar as letras, como o R e o L, não participava da aula de educação física, porque não agüentava correr muito e não queria fazer tarefa, relata a avó. Buscando atendimento de uma fonoaudióloga, Maura conseguiu que Jansley fosse atendido pela nutricionista. Com o término das atividades, hoje é a criança que ensina a receita para não ficar obeso. Menos chocolate, e mais frutas, como ‘molango’ e maçã, diz o pequeno, tal como o personagem da Turma da Mônica.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 40% da população sul-mato-grossense é considerada obesa.
Serviço – O Cei funciona na Vila Rica, região norte da Capital. Não há restrição para classe social, bastando ser aprovado na avaliação do programa. O telefone para informações é 3314-3167.