Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão

O Ministério da Saúde aponta que a 42,5% da população é hipertensa e 90% dos casos são hereditários.

O dia 26 de abril celebra o Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão. A data em alusão a doença busca trazer a reflexão sobre a importância dos cuidados com a saúde quanto aos riscos da doença hipertensiva, popularmente conhecida como pressão alta.

A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível, podendo ser classificada como primária ou secundária. Tem como característica ser silenciosa e é considerada um fator de risco para outros eventos cardiovasculares tais como: Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Doença Obstrutiva Periférica. 50% dos pacientes hipertensos desconhecem que tem a doença e entre aqueles diagnosticados, somente um quarto desses possuem seus níveis pressóricos adequadamente controlados. A hipertensão não tem cura, tem tratamento, controle e monitoramento, sendo recomendável uma abordagem multiprofissional. Quanto maior o número de profissionais da saúde acompanhando o paciente hipertenso melhor será o resultado do controle sobre a doença. Com o objetivo de contribuir no manejo e tratamento da pressão alta, o CRF/MS defende a necessidade da atuação e protagonismo do farmacêutico no diagnóstico, monitoramento e acompanhamento do paciente hipertenso no âmbito das farmácias e drogarias.

O Ministério da Saúde aponta que a 42,5% da população é hipertensa e 90% dos casos são hereditários. Entre os anos de 2006 e 2019 a prevalência da doença cresceu de 22,6% para 24,5%. A hipertensão atinge 59,3% dos adultos na faixa etária de 65 anos ou mais, sendo 55,5% dos homens e 61,6% das mulheres. As medidas não farmacológicas são importantes para controlar a hipertensão, a alimentação faz parte das medidas de controle dos níveis de pressão. O exercício físico e a redução da ingesta de sódio são extremamente importantes. Os tratamentos farmacológicos são muitos e diversos, mas precisam estar em consonância com alimentação correta e exercícios para uma estratégia de efeito eficaz. O grande vilão da hipertensão é o sódio. O farmacêutico pode e deve auxiliar no monitoramento e orientação do paciente quanto aos efeitos adversos que podem surgir e observando como está sendo a resposta ao tratamento.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a hipertensão faz com que o coração tenha que desempenhar maior esforço para distribuir o sangue pelo corpo. A doença é desencadeada a longo prazo por uma série de fatores. A hipertensão arterial sistêmica primária e/ou essencial é a mais comum e acomete cerca de 90% dos pacientes hipertensos. A hipertensão essencial pode ser caracterizada como uma incapacidade do nosso corpo em lidar com a quantidade de sódio consumida, isso significa que fatores como idade, obesidade, estilo de vida, uso de bebidas alcoólicas, a alimentação, o tabagismo e o sedentarismo contribuem para a doença. Quando a hipertensão se instala não tem cura, podendo apenas controlar a doença.

O farmacêutico é um profissional enraizado na sociedade, está presente em todas as drogarias, farmácias de manipulação, em farmácias públicas, nos hospitais e ambulatórios. É um profissional cujo potencial e prestação de serviços à sociedade é inquestionável, entre suas atribuições o farmacêutico dispõe de inúmeras atividades. Os serviços farmacêuticos incluem diversos tipos de ação, entre elas a dispensação, educação em saúde, rastreamento em saúde, acompanhamento farmacoterapêutico, gestão da condição em saúde, revisão da farmacoterapia. Aferir a pressão arterial é um dos procedimentos que o farmacêutico pode realizar na farmácia, assim como buscar conhecer melhor o paciente para conhecer melhor seu histórico de uso de medicamentos e fazer a orientação correta.

Tratamento

A abordagem terapêutica inclui medidas não medicamentosas e medicamentosas, como o uso de fármacos anti-hipertensivos, a fim de reduzir a pressão arterial, proteger órgãos-alvo e prevenir complicações cardiovasculares e renais.

O tratamento não farmacológico consiste na cessação do tabagismo, evitar o uso excessivo de álcool, alimentação saudável, atividade física regular e evitar o estresse. Quanto a alimentação saudável, é recomendando, evitar o consumo de produtos ultraprocessados; observar o rótulo dos alimentos; evitar aqueles com alto teor de sódio; procurar comer mais alimentos in natura; usar e abusar das ervas aromáticas e especiarias na cozinha e evitar temperos prontos. A prática de atividade física regular é recomendado pela OMS para prevenção de doenças, entre elas a hipertensão arterial, sendo no mínimo 150 minutos por semana para adultos e 300 minutos por semana para crianças e adolescentes. Para melhor adesão do comportamento ativo, busque atividades físicas que goste de fazer, como por exemplo: dançar, caminhar, correr, pular, arrumar a casa e/ou brincar com seu animal de estimação.

Se já possui o diagnóstico de hipertensão, a prática da atividade física é importante no seu manejo, porém busque orientação de um profissional para prescrição. Para os hipertensos, o tratamento não medicamentoso deve ser sempre indicado. E, se necessário for, a prescrição médica de anti-hipertensivos será instituída para controle adequado dos níveis pressóricos.

Medidas preventivas devem ser estimuladas, a aferição periódica dos níveis pressóricos propicia o diagnóstico precoce da doença, o controle da pressão arterial e dos fatores de risco associados, por meio da modificação do estilo de vida e/ou uso regular da terapia medicamentosa fazem parte do tratamento preconizado pelas Diretrizes de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Pacientes hipertensos fazem parte do grupo de risco para COVID-19. Todas as medidas de prevenção e controle da pressão arterial devem ser enfatizadas a este grupo, para que se evite complicações e pior prognóstico, que estão associados à maior chance de internação por descompensação clínica.

Hipertensão x Coronavírus

Em época de pandemia do novo Coronavírus é importante atentar para a questão de que a hipertensão é um fator de risco em caso de quadro clínico positivo para a Covid-19. Esse vírus é de fácil transmissão, fica durante longos períodos no ambiente. A hipertensão, assim como doenças cardíacas e respiratórias, são fatores de risco que podem agravar casos de quadro clínico positivo para o novo coronavírus SARS-COV-2.

Outro fator importante também é sobre o uso de alguns medicamentos para hipertensão, que foram divulgados como nocivos aos pacientes com covid-19 (inibidores de eca e bloqueadores de receptores de angiotensina. A evidência sobre a interação destes medicamentos com a doença ainda é incerta, mas os riscos de suspender o uso dos anti-hipertensivos é maior do que eventuais interações ou repercussões da ação dos medicamentos no paciente com COVI-19. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em 13 de março de 2020, se pronunciou em nota esclarecedora que não há evidências cientificas definitivas a respeito da associação entre o uso desses fármacos e maior risco da doença e recomendou a avaliação individualizada do paciente. A OMS se pronunciou da mesma forma sobre o tema referenciando o posicionamento de sociedades médicas internacionais bem com a SBC. Esse tema motivou um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Cardiologia a realizar uma revisão da literatura que trouxe como recomendação que não se modifique o tratamento dos pacientes que usam IECA e BRA.