ENSINO FARMACÊUTICO: Hora do diagnóstico
O Conselho Federal de Farmácia quer aproveitar a realização da VII Conferência Nacional de Educação Farmacêutica e do VII Encontro Nacional de Coordenadores de Cursos de Farmácia, de 8 a 10 de junho de 2011, em Brasília, para fazer um diagnóstico da situação dos cursos de Farmácia de todo o País do ponto de vista de sua adaptação às Diretrizes Curriculares. Os eventos são uma realização do CFF, por meio de sua Comissão de Ensino (Comensino), com apoio da Abenfarbio (Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico e Bioquímico).
As Diretrizes, instituídas, em 2002, estão promovendo uma substancial mudança no ensino farmacêutico brasileiro, graças à implantação da formação generalista, ao aporte de conhecimentos humanísticos, à conexão entre ensino e prática profissional e ao diálogo permanente entre faculdades, estudantes, sociedade e mercado.
No centro das transformações, está a busca pela formação de um profissional mais qualificado técnica e cientificamente para atender as demandas mercadológicas e sociais – cada vez mais crescentes, diga-se de passagem – e para servir a população, com mais humanismo e senso de responsabilidade.
HISTóRICO - As Diretrizes Curriculares é um fruto amadurecido nas complexas discussões promovidas pelo Conselho Federal de Farmácia, por meio da Conferência Nacional de Educação Farmacêutica, em suas várias edições. Democráticos, esses eventos trouxeram a Brasília para o debate coordenadores de cursos de Farmácia, professores, acadêmicos, especialistas em ensino farmacêutico e profissionais.
MUDANÇAS - O CFF, há cerca de 20 anos, vinha tomando o pulso do ensino farmacêutico, quando percebeu o desejo da maioria de que fossem promovidas mudanças no setor, com vistas a modernizá-lo e a levá-lo para uma conexão mais efetiva com a sociedade. Havia um inadmissível fosso distanciando um e outro.
Os envolvidos com o ensino, em sua ampla maioria, e os especialistas na área entendiam que o modelo tecnicista de ensino caducara. Era preciso substituí-lo por outro que fosse capaz de formar profissionais com uma qualificação que contemplasse todas as modalidades que vigiam, até então (Análises Clínicas e Toxicológicas, Medicamento e Alimento) e estivessem sintonizadas com a realidade social, sanitária e mercadológica.
O Presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos, adotou, então, uma política voltada exclusivamente para o ensino. A primeira providência foi a idealização de um fórum que reverberasse as vozes de todos os envolvidos no setor. Estava criada a Conferência Nacional de Educação Farmacêutica. A partir da Conferência, em suas seis edições, o ensino farmacêutico (graduação) nunca mais o passou ao largo dos debates.
Agora, precisamos fazer um diagnóstico dos cursos de Farmácia, para avaliar o nível de adaptação dos mesmos às Diretrizes, anuncia o Presidente do CFF. O órgão firmou uma parceria com o Ministério da Educação, graças à qual está autorizado a realizar avaliações consultivas dos cursos, gerar relatórios e encaminhá-los ao MEC. O Ministério tem nos relatórios do Conselho um referencial para tomar posições em relação às instituições de ensino.
HUMANIZAR, INTEGRAR E QUALIFICAR - Os integrantes da Comensino/CFF e da Abenfarbio, responsáveis pela realização e organização da Conferência, explicam que o tema central da VII Conferência (Educação Farmacêutica: humanizar, integrar e qualificar) traz o tripé com as essências do novo ensino.
é preciso humanizar a intervenção junto ao paciente e integrar a instituição de ensino à sociedade, para levar o futuro farmacêutico para o lado de lá do muro da Universidade. Mas é preciso que ele chegue, lá, com qualificação e descubra a importância de ser útil à sociedade. é, desta forma, que se fortalece a profissão, dizem eles.
Reforçam que as Diretrizes tem um forte viés social, à medida que instiga os acadêmicos a assumirem as suas posições no contexto da sociedade. Em verdade, nos últimos cinco anos, os Ministérios da Saúde e da Educação vem sinalizando para a necessidade de que os cursos da área da saúde estejam focados no SUS (Sistema Único de Saúde). E não é para menos. Afinal, ele é o maior sistema público de saúde do mundo, atendendo a cerca de 70% da população brasileira.
O cumprimento pelas instituições de ensino das exigências feitas pelas Diretrizes Curriculares tem no CFF um defensor de peso.
Temos estudados meios que possam facilitar a adaptação dos cursos às Diretrizes. Mas temos, também, que ser enérgicos, no momento de apontar os faltosos, adianta o Presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos. As faltas, segundo Souza Santos, vão da não implantação de laboratórios-escola e farmácias-escola à não alteração programática e curricular, previstas pelas Diretrizes.
Mas as mudanças no ensino são um fato. Em grande parte dos cursos, elas são perceptíveis nas mudanças nas metodologias de ensino; no novo ambiente acadêmico, capaz de remeter ao sentido de humanismo e responsabilidade social, no conteúdo focado no paciente e não apenas na doença nem no medicamento.
Outro indício de mudança é o reconhecimento pela sociedade e pelos gestores públicos e privados da importância das faculdades de Farmácia no contexto sanitário das populações. O termômetros dessa nova realidade é o fato de órgãos de saúde estarem aproximando-se das faculdades, com o objetivo de desenvolver projetos em parcerias.
Os gestores públicos e mesmo privados do setor de saúde já tem uma compreensão mais complexa e positiva das faculdades, a ponto de querer envolvê-las em várias ações, lembra a Presidente da Comensino, Magali Demoner.
De qualquer forma, é preciso conhecer a extensão das mudanças e o nível de adaptação às Diretrizes, entende o Presidente do CFF. Por isso, os dois eventos são tão importantes, vez que vão permitir a troca de informações entre cursos e entre estes e o Conselho Federal.
REALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO - A VII Conferência e o VII Encontro são uma realização do Conselho Federal de Farmácia, por meio de sua Comissão de Ensino, com organização da Afenfarbio.
Informações: www.abenfarbio.org.br