Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Estados Unidos libera pílula do 5º dia

O princípio é o mesmo do que os contraceptivos de emergência já conhecidos, mas ao contrário da pílula do dia seguinte, o Ella pode ser tomado até o quinto dia após a relação sexual desprotegida, com o mesmo nível de eficácia. O FDA (Food and Drug Administration), órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA, justificou a liberação da pílula com base em dois testes que mostraram que a droga é eficaz e segura. Não é um método contraceptivo, mas, sim, um medicamento para emergências, frisou a FDA em comunicado. Cuidados Assim como a pílula do dia seguinte, é preciso atenção para a utilização abusiva do medicamento. Se o uso da pílula do 5º dia virar rotina pode provocar alterações hormonais e no ciclo menstrual. Como já ressaltou o Blog da Saúde, as pílulas que podem ser usadas após a relação sexual são de emergência e só devem ser utilizadas para esta finalidade, principalmente porque, além dos riscos à saúde e das alterações no organismo, o medicamento não é protege contra as doenças sexualmente transmissíveis. O que preocupa. Para que é indicado o Ella? O Ella é um contraceptivo feminino de emergência que deve ser tomado até cinco dias após uma relação sexual não protegida ou uma falha do método contraceptivo (como rompimento do preservativo durante a relação). O medicamento só pode ser obtido mediante receita médica. Como o Ella é utilizado? Deve ser tomado um comprimido logo que possível, o mais tardar cinco dias após a relação. O comprimido pode ser tomado com ou sem alimentos. Caso a mulher vomite até três horas após a ingestão do medicamento, deverá tomar outro comprimido. O Ella pode ser tomado em qualquer fase do ciclo menstrual. Como funciona? Para que a gravidez ocorra, tem de existir ovulação (libertação de óvulos), seguida pela fertilização do óvulo (fusão com o espermatozóide) e pela implantação no útero. A pílula pode atuar de duas maneiras: - Entre o 11º e o 17º dia do ciclo menstrual – que começa a ser contado no primeiro dia da menstruação – ocorre a liberação do óvulo, pronto para ser fecundado. Neste caso, a pílula pode impedir a ovulação bloqueando a ação da progesterona. A progesterona estimula a produção das proteínas que desempenham um papel no momento da ovulação e na preparação do revestimento do útero para receber o óvulo fertilizado. - Após a relação, a fecundação pode ocorrer até cinco dias, que é o tempo de vida do gameta masculino. A pílula pode agir no muco, dificultando a locomoção dos espermatozóides na trompa (diminuindo a movimentação, fundamental para a fecundação) e no endométrio. Segundo especialistas, a pílula não é abortiva porque não age se ocorrer a fecundação. Qual é o risco associado ao Ella? Os efeitos colaterais mais frequentes observados após a utilização do Ella nos ensaios clínicos foram dor de cabeça, náusea, dor abdominal, desconforto durante a menstruação, fadiga e tontura. O Ella não deve ser utilizado em mulheres que possam ser hipersensíveis (alérgicas) ao acetato de ulipristal ou a qualquer outro componente do medicamento. De acordo com a embalagem do produto, mulheres com suspeita de gravidez e que estejam amamentando não devem fazer uso da medicação. Discussão Um comitê do FDA discutia a liberação da droga desde junho deste ano. A venda nos EUA foi aprovada por unanimidade de votos após estudos terem fornecido dados convincentes sobre a eficácia e a segurança da indicação do medicamento como um anticoncepcional de emergência, diz comunicado do FDA. A segurança e a eficácia do Ella foram demonstradas em dois ensaios clínicos, um nos Estados Unidos e outro conduzido no país norte-americano, no Reino Unido e na Irlanda. O Ella é fabricado pela indústria francesa HRA Pharma e será comercializado nos EUA, a partir do fim do ano, pela Watson Pharmaceuticals, empresa com sede em Morristown, Nova Jérsei. Desde maio de 2009, o produto já está disponível no mercado europeu.
Porém, apesar de parecer um medicamento com várias vantagens, o presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia), Ronaldo Abrão, explica que, no caso desta pílula chegar ao Brasil, será necessário rígido controle, pois aqui diferentemente dos EUA os medicamentos de venda restrita à prescrição médica são comprados com grande facilidade. "Assim como a pílula do dia seguinte esta também correrá o risco de ser usada por adolecentes, sem qualquer critério e rotineiramente como um contraceptivo em todas as relações desprotegidas, aumentando ainda mais os riscos das DSTs além do agravande da automedicação irresponsável", finaliza.