Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Estudo aponta crescimento no consumo de metilfenidato

Na região Centro-Oeste, essa estimativa de aumento percentual foi maior no Mato Grosso do Sul e no DF

O consumo do medicamento metilfenidato, utilizado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, aumentou 75% em crianças com idade de 6 a 16 anos, entre 2009 e 2011, no Brasil. É o que apontam os dados do Boletim de Farmacoepidemiologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, divulgado nesta segunda-feira (18/2).

O Boletim apresenta o panorama da prescrição e consumo de metilfenidato no Brasil, com dados coletados a partir dos registros do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da Agência.

Em 2009, foram vendidas 156.623.848 miligramas (mg) do medicamento. Já em 2011, o mercado atingiu um montante de 413.383.916 mg do produto. O boletim aponta ainda que, em 2011, foram comercializadas 1.212.850 caixas do referido medicamento nas farmácias e drogarias do país. Esse número representa uma alta de 28,2 % em relação a 2009 (557.588 caixas de metilfenidato), já considerando o aumento do fluxo de informações recebidas pelo sistema da Anvisa neste período.

O gasto estimado das famílias brasileiras com o produto, em 2011, foi de R$ 28,5 milhões. Esse montante significa um valor de R$ 778,75 por cada mil crianças com idade entre 6 e 16 anos.

O maior consumo de metilfenidato no triênio estudado pela Agência foi registrado no Distrito Federal. Em Brasília, foram comercializados, em 2011, mais de 114 caixas do medicamento para cad a mil crianças. Esse número representa um aumento de aproximadamente 30%, no consumo do produto na comparação de 2009 com 2011.

Um comparativo das regiões mostra que Rondônia, no Norte do País, obteve o maior consumo de metilfenidato, entre 2009 e 2011. Já na região Sul, o Rio Grande do Sul lidera o ranking de consumo no triênio estudado.

O estado do Piauí liderou o consumo do produto na região Nordeste, em 2009 e 2011. Na região Sudeste, em 2011, o maior consumidor do medicamento foi o estado de Minas Gerais.

Todas os Estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresenta­ram uma estimativa de aumento percentual real no consumo de metilfenidato de 2009 para 2011, à exceção do Rio de Janeiro, onde se verificou uma redução de -37,19%. Na região Centro-Oeste, essa estimativa de aumento percentual foi maior no Mato Grosso do Sul (60,91%) e no DF (29,46%), enquanto que o me­nor valor foi registrado no Mato Grosso (8,09%).

Prescrição - Entre os prescritores do medicamento, o levantamento aponta que há um predomínio de médicos que se dedicam à assistência à criança e ao adolescente e dos que tratam de distúrbios estruturais do sistema nervoso, “o que qualifica o acesso ao medicamento, afirma a coordenadora da área”. Os três maiores prescritores de metilfenidato foram os mesmos nos três anos es tudados, sendo que dois deles são do Distrito Federal.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - O TDAH é um dos transtornos neurológicos do comportamento mais comum da infância, que afeta de 8 a 12% das crianças no mundo. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em 2007, considerou-se que aproxi­madamente 9,5% (5,4 milhões) de crianças e adolescentes ame­ricanos de 4 a 17 anos tinham TDAH.

Estimativas de prevalência de TDAH em crianças e adolescen­tes bastante discordantes foram encontradas no Brasil, com valores de 0,9% a 26,8%. Embora a taxa de TDAH diminua com o aumen­to da idade, pelo menos metade das crianças com o transtorno têm sintomas incapacitantes que persistem na fase adulta.

O diagnóstico do TDAH é complicado pela ocorrência de comorbidades, como dificuldades de aprendizagem, transtornos de conduta e de ansiedade, e depen­de fort emente de relatos dos pais e professores; nenhum exame laboratorial confiável prevê esse tipo de problema. As crianças com TDAH têm dificuldade de prestar atenção, controlar comportamen­tos impulsivos e, em alguns casos, são hiperativas.

Para a coordenadora do SNGPC, Márcia Gonçalves, o estudo realizado contribui para identificar possíveis sinais de distorção de uso dos produtos e no trabalho em estratégias e enfrentamento do problema. “O monitoramento da prescrição e do consumo pode ajudar na gestão de riscos associados aos medicamentos feita pelos entes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária” explica Márcia. Para visualizar o boletim na íntegra, clique aqui.