Famílias financiam 90% dos medicamentos consumidos em casa
Os medicamentos consumidos em casa pelos brasileiros são financiados, principalmente, pelas famílias. Enquanto elas são responsáveis por aproximadamente 90% desse tipo de gasto, o governo responde, principalmente com programas de distribuição de remédios à população, apenas pelos 10% restantes.
De acordo com a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Maria Angélica Borges, que também participou da realização do levantamento, houve aumento dos gastos públicos nessa área entre 2005 e 2007, mas a participação da administração pública no total das despesas ficou praticamente estável no período.
“A participação do governo nesse consumo esteve estável, embora as despesas com medicamento para distribuição pelo setor público tenham aumentado de R$ 3,8 bilhões para R$ 4,7 bilhões entre os dois anos”, afirmou.
Os dados da Conta Satélite Saúde Brasil, divulgados hoje (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam ainda que, quando se observam os gastos totais com as atividades ligadas à saúde no país, não apenas as direcionadas à compra de medicamentos, o setor público brasileiro ampliou sua participação de cerca de 40% para 48,6% entre 2005 e 2007. Ainda assim, cabe às famílias a maior fatia das despesas com consumo final (49,8%).
Maria Angélica Borges explicou que, apesar do crescimento, o Brasil continua bem atrás do padrão verificado em países europeus.
“Em média os governos europeus cobrem uma parte maior dos gastos com saúde do que as famílias. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a administração pública responde, em média, por 70% dessas despesas. O Brasil tem um padrão diferente, comparável ao México, por exemplo, onde o gasto proporcional das famílias é maior do que o dos governos”, disse.