Medicamentos fitoterápicos têm grande potencial de crescimento
Os medicamentos fitoterápicos - aqueles elaborados exclusivamente a partir de derivados de plantas medicinais - têm dado importante contribuição para que o Brasil reduza a dependência externa de insumos e produtos farmacêuticos. Em 2006, eles foram incluídos pelo governo na oferta dos remédios disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O incentivo representou uma janela de oportunidade para pequenas empresas como a Austen Farmacêutica/Phitolabor, fundada em 2001 em Tubarão (SC) e premiada por pesquisas com a flora nativa.
"Nosso objetivo inicial era produzir extratos vegetais padronizados de altíssima qualidade", recorda o diretor da empresa e doutor em farmacologia Rodrigo Rebelo Peters: "Em 2003, lançamos um broncodilatador e expectorante à base de guaco e outro à base de alcachofra para tratar má digestão". Em 2004, a resolução 210 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), muito rígida quanto aos critérios de funcionamento da indústria farmacêutica, provocou uma quebradeira nos laboratórios pequenos. Peters lembra que sua empresa levou um ano para adotar as boas práticas e se adequar à norma. Mas o investimento compensou. Este ano a Austen/Phitolabor foi contemplada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com financiamento de R$ 505 mil para investir em sua linha de produção de insumos. Os recursos foram liberados por meio do Programa Juro Zero, que em Santa Catarina é executado pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e pela SC Parcerias para desenvolver processos e produtos inovadores.
Em outubro a empresa recebeu novo apoio da Finep, desta vez uma subvenção econômica de R$ 1,2 milhão, não-reembolsável, a ser repassada em parcelas semestrais no prazo de três anos. Os recursos serão utilizados no desenvolvimento de um medicamento fitoterápico para tratar doenças inflamatórias crônicas, com base em uma planta da Mata Atlântica. Com esses investimentos, a empresa espera conquistar 2% do mercado nacional de fitoterápicos. A Austen/Phitolabor conta com dez profissionais, dos quais cinco farmacêuticos e cinco nas áreas de produção e administração.
"Acesso a medicamentos é uma questão de soberania nacional", diz Peters, referindo-se à dependência do Brasil quanto a insumos importados. Para ele, os fitoterápicos têm contribuição importante a dar: "Hoje, para se lançar um medicamento novo é preciso investir de US$ 400 milhões a 500 milhões - na literatura especializada fala-se até em US$ 1 bilhão - e a indústria nacional não tem cacife para entrar numa empreitada dessas; mas quando se fala em fitoterápicos, os valores caem para US$ 2 milhões a US$ 5 milhões".
O mercado dos medicamentos fitoterápicos movimenta atualmente em torno de US$ 1,1 bilhão no Brasil e é considerado extremamente promissor, com crescimento médio anual na faixa dos 20%. Isso tem atraído o interesse de grandes laboratórios, mas também há espaço a ser ocupado pelas pequenas empresas, especialmente se houver políticas públicas específicas para o segmento, observa Peters. "Os fitoterápicos são uma opção não só para a indústria farmacêutica e a farmoquímica, como também podem ser uma grande oportunidade para a agricultura familiar", afirma.