Orientações Sobre Prevenção e Notificação das Intoxicações Medicamentosas
Artigo escrito por farmacêutica do CIVITOX traz orientações importantes
Observamos, porém, que muitas das intoxicações ocorridas, que são notificadas, poderiam ser evitadas. Conforme os dados do CIVITOX, no período de 2014 a 2016, 40% das intoxicações ocorreram por acidente individual, evidenciadas, em sua maioria, nos momentos de descuido dos pais e/ou responsáveis em associação à curiosidade das crianças nas oportunidades de contato com os medicamentos.
As tentativas de suicídio corresponderam a 40%. Outras circunstâncias. Erro de administração: 8%, uso terapêutico: 5%; automedicação: 3%; prescrição médica inadequada: 1%; uso indevido: 1%;Ig: 2%. Ocorrências quanto à faixa etária. Crianças até 9 anos: 45%; crianças de 10 a 14 anos: 5%; adolescentes de 10 a 19 anos: 8%; faixa dos 20 aos 39 anos: 24%; faixa dos 40 aos 59 anos: 13%; faixa dos 60 anos em diante: 5%.
As intoxicações ocorreram mais em mulheres (61%) e na zona urbana (82%). No período de 2014 a 2016 foram registradas 1067 intoxicações humanas por medicamentos, 05 ocorridas em animais e 729 auxílios de informação não associados a evento toxicológico. Sabedores da evidência das subnotificações das intoxicações por medicamentos,os dados analisados podem ser considerados hiposuficientes e podem não expressar a realidade, sendo necessárias as ligações para o centro de referência estadual em toxicologia – CIVITOX – para notificação e informação sobre a conduta clínica para a equipe de saúde, como também para a população.
As intoxicações em idosos não foram expressivas e nem tampouco as ocorrências por uso terapêutico. A população brasileira está envelhecendo. O número de pessoas, em especial, as da faixa etária dos idosos, consomem diversos medicamentos para tratar diversas patologias em associação a inúmeras prescrições por especialidades médicas diferentes. Há a possibilidade de ocorrerem interações medicamentosas desfavoráveis, aumento de reações adversas a medicamentos e recorrência a mais especialistas e/ou automedicação para tratá-las. Exemplo: indivíduo que toma medicamentos para tratar hipertensão arterial sistêmica, coagulopatia, diabete, hipercolesterolemia, doenças ostearticulares, gastrite, ansiedade, etc.
São diversas especialidades médicas e diversos medicamentos para um mesmo indivíduo. Muitos dos efeitos indesejáveis, com o uso crônico destes medicamentos, não são reportados ao atendimento médico emergencial. A pessoa, por vezes, pode ser acometida por um IAM, síncope, arritmias cardíacas, alterações renais, dentre outros. Evidenciam-se que os efeitos tóxicos, EAM, não são investigados, na maioria das vezes, quanto à sua origem, até mesmo em pacientes hospitalizados. É de grande valor em saúde e de interesse científico que os medicamentos tomados pelo paciente sejam analisados pelos profissionais de saúde, que haja organização no horário das tomadas dos mesmos, reavaliação farmacológica – tanto do princípio ativo escolhido para o tratamento quanto do preço do medicamento.
Muitas famílias podem ficar em dificuldades financeiras com certas prescrições escolhidas – e isso pode afetar negativamente a saúde da pessoa, do cônjuge e de outros do convívio familiar, por causa do preço elevado do medicamento e da dificuldade na aquisição do mesmo, devendo-se refletir sobre outras opções eficazes de tratamento.
Orientamos alguns cuidados para que sejam evitadas intoxicações por medicamentos.
Em suma, que os familiares tomem os devidos cuidados no acondicionamento dos medicamentos, não os deixando à vista e acesso de crianças e animais. Atenção quanto à leitura da prescrição e da bula dos medicamentos. Observação quanto ao nome, forma e concentração do medicamento a ser administrado, à dose e horário do mesmo. Guardar o medicamento na caixa com a bula e observar sempre a validade. Que os prescritores avaliem o perfil sócio-econômico do paciente, optando por medicamentos eficazes na forma farmacêutica ideal, concentração, dose e horários corretos, com letra legível (tanto para o dispensador,administrador, como para a leitura do paciente), cujo preço agregado seja viável ao estilo devida do paciente, de modo a poupar transtornos financeiros e, por conseqüência, à saúde do paciente. Que o prescritor tenha acesso às informações sobre as opções de aquisição gratuita de medicamentos disponibilizados pelo governo, à RENAME, aos medicamentos genéricos, etc. Que os profissionais da enfermagem, farmacêuticos, etc., sempre adotem os cuidados em favorecimento à dispensação e administração corretados medicamentos.
Os profissionais de saúde devem notificar os eventos adversos e toxicológicos aos medicamentos. Devem observar e identificar os possíveis riscos e efeitos das interações medicamentosas, o abuso, as ideações suicidas, as tentativas de aborto, contribuir para que não ocorram acidentes, quedas, perda de funcionalidade e efeitos locais e sistêmicos, como também adotar cuidados com as iatrogenias, idiossincrasias, hipersensibilidades, contribuindo com a diminuição da dor,aumento do bem-estar, melhora do convívio social e do prolongamento da vida do paciente.
Para mais informações sobre os riscos e os efeitos das substâncias químicas, sejam de origem natural ou sintética, acidentes com animais peçonhentos e venenosos e teleconsultoria sobre o diagnóstico, prognóstico, tratamento e acompanhamento dos casos notificados, tanto em humanos como em animais, ligue para o CIVITOX – Plantão 24h/dia: 0800 722 6001 ou (67) 3386-8655.
Orientações Importantes:
Obtenha informações sobre a aquisição, uso e armazenamento correto dos medicamentos;
Siga as orientações dos prescritores para um tratamento eficaz.
Comunique todos os efeitos indesejáveis e os medicamentos que utiliza;
Evite a automedicação. Se necessário, que seja consciente o uso dos medicamentos isentos de prescrição, com orientação de um profissional, bula ou outra fonte científica;
Guarde os medicamentos nas caixas originais em local alto, com a bula, chaveado, livre de poeira, calor e umidade. Não os misture com outros produtos. Observe a validade e não contamine a borda e o conteúdo dos frascos;
Observe o horário do uso de um medicamento, evitando administrá-lo mais de uma vez. Não tome medicamentos no escuro;
Algumas pessoas precisam ser auxiliadas no uso de medicamentos. Ex: crianças, idosos, pessoas acamadas, pessoas com ideação suicida, etc.;
Oriente as crianças para que não peguem os medicamentos de geladeira. Ensine-as para que não brinquem e nem os manuseiem;
Ao fazer uma criança ingerir um medicamento, evite associá-lo a um doce. Não jogue medicamentos em terrenos, quintais. Os animais e as crianças também podem se intoxicar. Evite as contaminações ao meio ambiente. Seja um promotor de vida!
Favoreça o uso racional dos medicamentos.
Para mais orientações, ligue para o CIVITOX. Notifique os casos ocorridos pelo (67) 3386-8655 ou pelo DDG 0800 722 6001