Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Pesquisa revela venda de medicamentos sem receita em farmácias de Campo Grande

Uma denúncia encaminhada ao CRF/MS na última semana apresenta o resultado de uma pesquisa realizada pela ABCCON/MS (Associação de Defesa do Consumidor de MS) em parceria com o IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) em dez farmácias da capital, onde em 100% delas foram comprados sem apresentação de prescrição médica, diversos tipos de medicamentos, principalmente antibióticos, como amoxilina 500mg ou azitromicina 500mg, remédios tarja vermelha sujeitos a prescrição médica obrigatória. O estudo, realizado entre os meses de janeiro e março deste ano, mostrou a facilidade em adquirir medicamentos, sem que em nenhum dos estabelecimentos fosse exigida a prescrição médica. Uma das causas dessa venda indiscriminada é o desconhecimento do consumidor sobre as conseqüências da automedicação, bem como a facilidade com que o consumidor pode adquirir o medicamento nas farmácias e drogarias, onde muitos atendentes ou balconistas, na ânsia de venderem seus produtos, levam os consumidores a se automedicarem, empurrando-lhes certos medicamentos que necessitariam de prescrição médica, comenta o presidente da ABCCON, Erivaldo Marques Pereira. Os resultados da pesquisa, também realizada em outras cidades do Brasil e com o mesmo resultado foram encaminhados, pelo IDEC, ao conhecimento das farmácias pesquisadas, das vigilâncias sanitárias dos estados, dos Conselhos Regionais e Conselho Federal de Farmácia, do Ministério Público e da ANVISA, para a tomada das medidas necessárias.
Segundo a Abifarma (Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas), cerca de 80 milhões de brasileiros são adeptos da automedicação. De cada três remédios vendidos no país, apenas um é receitado por médicos. Os outros dois são indicados por amigos, parentes, revistas, jornais ou pelo próprio balconista da farmácia.
Para o Presidente do CRF/MS, esta é uma situação grave que ocorre pela ‘banalização da farmácia’, que é tratada como um estabelecimento comum, onde se vende de tudo, inclusive medicamentos sem qualquer preocupação com a saúde do cidadão e que as entidades de defesa do consumidor devem sim se manifestar para que as autoridades que permitem as brechas das legislações fiquem atentas já que estamos tratando com vidas. A partir da denúncia o CRF/MS deverá abrir uma investigação para apurar os fatos junto aos farmacêuticos responsáveis pelos estabelecimentos citados na pesquisa, pois trata-se de uma infração sanitária e que deve ser averiguada, no entanto, entendemos que a punição pura e simples do profissional não vai resolver um problema grave que começa pelo difícil acesso aos serviços médicos, pela ignorância do cidadão aos riscos que o medicamento pode trazer e o pior de tudo, a resistência dos empresários em fazer deste um estabelecimento apenas de saúde, finaliza Abrão.