Pesquisa sobre vermes abre novas vias para tratamento de câncer de pele
Uma equipe de cientistas descobriu o mecanismo de renovação da pele presente do verme Caenorhabditis elegans, o que abre novas linhas de estudo na luta contra o envelhecimento da derme em humanos e a cura e cicatrização de ferimentos.
Publicado na revista PNAS, o trabalho poderia ajudar no tratamento de câncer de pele e no desenvolvimento de tratamentos contra os nematódeos, doenças parasitárias causadas por nematódeos, um tipo de verme como o estudado nesta pesquisa, muito comum nos países em desenvolvimento.
Antonio Miranda-Vizuete, do centro de biologia do desenvolvimento andaluz, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas, da Espanha, diz que o envelhecimento nos seres vivos ocorre pela redução da capacidade das células para reparar o dano oxidativo que acumulam ao longo da vida.
Ao envelhecer, a qualidade da pele de um animal piora drasticamente, embora os mecanismos que geram o envelhecimento cutâneo ainda não tenham sido descobertos, detalhou o cientista espanhol. O estudo constata que o processo de mudança no verme está associado às mudanças no estado de oxidação de proteínas presentes em sua pele. Quando é bloqueada a atividade destas proteínas, a pele velha não se debilita o suficiente para que o animal rompa e passe à fase seguinte do estado larváceo, por isso que o nematódeo acaba morrendo preso dentro de sua própria pele.
Pelo contrário, a aplicação de glutationa, uma molécula presente em todos os organismos vivos e que regula o equilíbrio de oxidação celular, favorece a mudança e a passagem ao estado seguinte larváceo, já que ajuda ao verme a degradar a pele velha e separar-se dela.
Apesar de que, por enquanto, os resultados só foram demonstrados no verme Caenorhabditis elegans, as descobertas deste estudo poderiam servir de base para a pesquisa da renovação da pele humana e de outros animais, assim como no tratamento de cânceres cutâneos e outras afecções da pele, segundo o CSIC.
As nematodiases são doenças que afetam humanos, animais e plantas. A elefantíase, na qual as larvas obstruem os copos linfáticos, e a anisaquíase, que afeta os humanos após a ingestão de peixe cru contaminado por parasitas, são algumas das variantes deste mal, que atinge milhões de pessoas no mundo todo, principalmente nos países em vias de desenvolvimento.
Estas doenças acarretam importantes custos econômicos e comerciais quando surgem em criações de gado e plantações agrícolas. - Como nem humanos, animais e plantas têm processo de mutação, a descoberta de qual é a proteína da pele que está envolvida no processo de oxidação, seria possível encontrar novas formas de tratar muitas doenças.