Por um único furo, operação corrige próstata aumentada
No último dia 12, o Centro de Referência em Saúde do Homem, em São Paulo, realizou a primeira cirurgia de próstata por orifício único. O procedimento, segundo os médicos, é pioneiro na América Latina para esse tipo de caso.
A operação foi feita em um paciente com hiperplasia prostática benigna -aumento da próstata que pode comprimir o canal da uretra e causar complicações como dificuldade para urinar.
O problema ataca homens mais velhos e deve ser tratado com remédios ou com cirurgia, para retirar a parte da próstata que está comprimindo o canal urinário. A técnica empregada no hospital, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, foi a laparoscopia "single port".
A diferença em relação à laparoscopia tradicional é que, em vez de cinco orifícios, só um furo de cerca de três centímetros é feito, logo abaixo do umbigo. Por esse mesmo orifício são introduzidos uma microcâmera, que permite aos médicos acompanhar a operação pelo monitor, e os aparelhos cirúrgicos.
A expectativa de Joaquim Claro, chefe do serviço de urologia do centro de referência, é que essa técnica seja usada quando o aumento da próstata for grande a ponto de o excesso não poder ser retirado por laser ou pelo canal da uretra.
Nesses casos, a equipe médica costuma optar pela cirurgia aberta, que requer um grande corte no abdome, ou pela laparoscopia comum. Segundo Claro, a principal vantagem do "single port" é que o tempo de internação é bem mais curto do que o de uma cirurgia aberta. "O paciente só fica internado por um dia, em vez de sete. E já pode retomar suas atividades em cerca de uma semana, sem precisar esperar um mês", afirma.
Há ganhos também em relação à laparoscopia tradicional, diz ele. "O "single port" é menos agressivo ao paciente. Como ele é feito com apenas um furo, a chance de lesar um vaso ou de criar um canal para infecções é menor", explica.
A laparoscopia por "single port" já é empregada em outras operações como a retirada de útero e ovários.
CONTROVéRSIA
Segundo o urologista Miguel Srougi, professor titular da USP, uma operação como essa também pode trazer complicações maiores. "Se houver um sangramento, o campo para contê-lo será bem mais limitado porque só haverá um orifício, menor", explica.
Alberto Azoubel Antunes, urologista do Hospital das Clínicas, concorda. "O procedimento otimiza a recuperação e a vantagem estética é maior, mas exige mais treino dos médicos."