Retirada de medicamento envolve riscos
CRF/MS faz alerta!
"O risco de se retirar um medicamento sem um controle eficiente é o agravamento da condição clínica do paciente", alerta Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina.
Ele comenta um caso em que um medicamento para uma doença imunológica foi desprescrito, e o paciente acabou perdendo os rins.
"A vantagem dos médicos de família e de comunidade é que eles estão muito próximos dos pacientes, o que permite um controle maior. Sempre que possível, a desprescrição é desejável. É saudável que os pacientes não sejam tão dependentes de medicamentos", afirma Meinão.
Para o cardiologista Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), antes de orientar um paciente a deixar de tomar determinada medicação, o médico deve consultar o colega que prescreveu a remédio para evitar um conflito ético.
"É problemático. O clínico pode ter uma visão diferente da do especialista, mudar a medicação e isso ter consequências para o paciente", diz.
Mas, segundo ele, é comum haver diálogo entre os médicos. Ele cita um exemplo corriqueiro: o paciente diabético que toma medicamentos orais, recebe do endocrinologista uma prescrição de insulina e que volta ao médico anterior (clínico ou cardiologista, por exemplo) sem saber o que fazer. "Tem que avaliar, conversar com o colega e com o paciente", diz.
Daniel Knupp, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina e Comunidade, diz que a situação mais comum é do paciente que usa um remédio prescrito por um outro colega há muito tempo e que já não tem mais contato. "Mesmo assim continua tomando sem nenhum acompanhamento", explica.
Mesmo com todas essas orientações o presidente do CRF /MS, Ronaldo Abrão, alerta: “A relação entre médico, paciente e medicamento é sempre muito complicada, pois os pacientes mudam constantemente de médico e cada um com uma prescrição pode provocar além da interrupção de tratamentos importantes até a interação indesejável. Por isso um quarto elemento deve ser adicionado a complexo que é o farmacêutico. Este pode com seu trabalho detectar erros em multiprescrições e entrar em contato com os prescritores além de estimular e promover a adesão ao tratamento prescrito”.