Venda de medicamento genérico sobe 19% somente em 2009
A indústria de medicamentos genéricos anunciou ontem um crescimento de 19% do total de unidades vendidas em 2009 em relação ao ano anterior, além de um incremento de 24% no valor das vendas, que somaram R$ 3,6 bilhões. O aumento das unidades comercializadas é 2,3 vezes maior que a média do setor farmacêutico em 2009.
Além disso, a patente de oito drogas vencem neste ano e elas poderão ser copiadas e comercializadas por valores, em média, 45% mais baixos, caso não haja decisões judiciais que impeçam isso, informou o setor.
é o caso do Viagra (sildenafil), droga contra a disfunção erétil, e cuja patente também vence neste ano. Porém ele não será copiado enquanto for mantida decisão judicial que estendeu sua patente até 2011.
"Estamos de mãos atadas. Ninguém lança uma cópia enquanto não tiver a segurança jurídica", afirmou ontem Odnir Finotti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos).
A indústria prometeu para o fim de 2010 a chegada ao mercado de uma versão genérica do Diovan (valsartana), da Novartis, produto contra a hipertensão arterial e que hoje custa até R$ 44,32 a caixa de 40 mg com 14 comprimidos.
Os problemas do coração são a principal causa de adoecimento e morte no País e a droga também é considerada uma das mais prescritas no País. Estima-se que a hipertensão atinja 30% dos brasileiros adultos.
Ainda na área cardiovascular, o setor promete para o início de 2011 a chegada ao mercado da cópia da atorvastatina (Lípitor), droga do laboratório Pfizer para controle do colesterol uma das mais vendidas no mundo. Atualmente, o custo de uma caixa do remédio pode chegar a R$ 119,32, uma caixa de 30 comprimidos com 10 mg.
CONTESTAÇÃO
A Pró Genéricos contesta no Tribunal Regional Federal a extensão de patente obtida pelo laboratório Pfizer para o Viagra. No caso do Diovan, porém, a indústria de genéricos está pronta para iniciar a produção de cópias porque a detentora da patente teve negados os pedidos de extensão. Já no caso do Lípitor, a empresa conseguiu a extensão na Justiça, que acaba no fim deste ano.
Os genéricos brasileiros, que no ano passado completaram dez anos de regulamentação, têm hoje 19,4% do mercado farmacêutico, contra 17% em 2008, um desempenho considerado bom pelo setor, mas tímido se comparado ao de outros países, reconhece Finotti. "Nos EUA chega a 70%. O nosso mercado está bem distante".
O porcentual também ainda está longe da meta do programa Mais Saúde, o chamado PAC da Saúde, prioridades do Ministério da Saúde para a área e que estimou que os genéricos deveriam abocanhar 30% do mercado até 2012.
O dirigente avalia que dois fatores limitam o setor: resistência dos médicos de prescrever pelo nome genérico da droga e a permanência no mercado dos chamados similares, drogas que não passaram pelo teste de bioequivalência.
Além disso a indústria avalia que a queda de preços dos produtos copiados já chegou a um limite. Ou seja, as empresas não terão mais como reduzir ainda mais os valores, a não ser que mais e mais produtores ingressem no setor, aumentando a concorrência, o que depende também de incentivos para o complexo industrial da saúde. A própria indústria e o governo reconhecem ainda que, para as camadas mais pobres, são necessárias outras medidas para garantir acesso aos medicamentos. Finotti espera, no entanto, que com a entrada de versões do Diovan e do Lípitor os genéricos fiquem com pelo menos 22% do mercado. Atualmente, ainda é o medicamento omeprazol, para problemas gastrointestinais, que "puxa" o setor no Brasil.
NÚMEROS
19% foi quanto cresceu o mercado de genéricos em unidades, entre 2008 e 2009
330,9 mi de unidades de remédios genéricos foram vendidas no ano passado
19% foi a participação do setor de genéricos no mercado farmacêutico em 2009
70% é a participação dos genéricos nos Estados Unidos
30% é a meta de participação dos genéricos no mercado brasileiro para 2012
R$ 13,7 bilhões é a economia garantida pelo setor aos brasileiros desde 2000, quando os genéricos foram lançados, segundo estudo das indústrias
45% em média é a queda no valor do remédio com a entrada do genérico