Conselho Regional de Farmácia

De Mato Grosso do Sul

Wilson Hiroshi fala sobre as percepções do farmacêutico generalista no mercado de trabalho

A palestra "Impactos e desafios do farmacêutico generalista no mercado de trabalho", levantou a discussão para a qualidade do ensino e o efeito da atuação do farmacêutico

O vice-presidente do CRF/MS Wilson Hiroshi falou sobre a grade curricular dos cursos de Farmácia em todo País e dos impactos dela na formação do profissional farmacêutico. O tema da palestra ministrada no último dia 24 e transmitida ao vivo pelo Portal Educação "Impactos e desafios do farmacêutico generalista no mercado de trabalho", levantou a discussão para a qualidade do ensino e o efeito da atuação do farmacêutico generalista no exercício da função.

"Qual a impressão que a atuação farmacêutica generalista está deixando no mercado de trabalho. Tem sido diferente? Mudou? Melhorou? Na verdade nós não sabemos", disse Hiroshi. Com poucos estudos voltados para o tema, o vice-presidente explica que não há como ter uma noção da realidade, apenas uma percepção e de que no geral a formação não é boa.

"Existe uma desarticulação entre ensino e serviço, principalmente na área de drogaria e farmácia. O profissional sai da graduação e não está preparado para exercer a profissão. Ele sai sem o conhecimento necessário para atender um paciente, fazer a gestão de uma drogaria. Sem conhecer os produtos que está dispensando, ele só vai aprender isso depois de pegar experiência em sua área de atuação e isso não só para drogaria e farmácia". Wilson Hiroshi destaca que a área laboratorial tem recebido o profissional recém-formado despreparado.

Sobre a qualidade na formação a percepção predominante também é de que ela tem sido de baixa qualidade. "O profissional não é capacitado para lidar com os problemas da população. Ele realmente precisa buscar especialização para conseguir exercer a sua profissão".

Wilson Hiroshi exemplificou o tema repercutindo que o SUS (Serviço Único de Saúde) espera do farmacêutico um profissional capaz de atuar em todos os níveis de saúde, desde atenção básica, secundária, até o nível terciário, de mais alta complexidade. "Isso ele tem que sair da graduação capacitado. O ideal é que não precise buscar especialização para ter essas capacidades no exercício da profissão".

Em conversas com os secretários municipais de Saúde de Campo Grande, Hiroshi que trabalha na Assistência Farmacêutica do município fala que as discussões sobre a vantagem do profissional farmacêutico capacitado para organizar a Assistência e que consiga fazer contas vantajosas para o sistema público de saúde esbarram na falta de mão-de-obra qualificada.

"Um secretário já chegou a dizer então me dá esse profissional, porque falta capacitação. A gente não aprendeu isso na faculdade. Algumas universidades estão voltadas para isso, mas na maioria existe a necessidade de capacitação de mão-de-obra. Alguns CRF@2023MCS por iniciativa própria tem feito esforço para capacitar o profissional, para que se adequem às necessidades do SUS", disse.

Na análise do contexto atual dos impactos da formação generalista, Hiroshi finalizou dizendo que com a mudança curricular a percepção é que o profissional está saindo da faculdade com deficiência, mas que isso depende também do aluno. "Se ele estudar e a universidade der o mínimo necessário, ele pode se capacitar para sair um bom profissional. Se tiver que fazer especialização, faça. Mas não acredito que haja deficiência tão grande em comparação àqueles profissionais formados no currículo anterior", finaliza Hiroshi.

Para visualizar o vídeo da palestra, clique aqui.