Ministério da Saúde determina notificação imediata de casos de intoxicação por metanol
O Ministério da Saúde, determinou nesta terça-feira (30) que os profissionais de saúde de todo o Brasil notifiquem imediatamente ao Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) qualquer suspeita de intoxicação por metanol ou por consumo de álcool. A medida busca reforçar a vigilância e a resposta a casos suspeitos, especialmente no estado de São Paulo, que contabiliza 06 casos confirmados e 10 em investigação, incluindo 03 óbitos.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha ainda ressaltou que a situação em São Paulo acende um alerta sobre a venda e o consumo de bebidas falsificadas ou adulteradas. “Nós estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país. A entrada da Polícia Federal no plano se deve à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa relacionada à adulteração de bebidas”, completou.
“Para que o sistema funcione, alguém precisa notificar. É importante que os profissionais de saúde estejam em alerta e possam identificar precocemente os casos. Além disso, pessoas que tenham consumido álcool de procedência desconhecida e apresentem qualquer sintoma relacionado à intoxicação por metanol devem procurar imediatamente uma unidade de saúde”, enfatizou a secretária de vigilância em saúde e ambiente, Mariângela Simão.
O Ministério da Saúde publicará em breve uma nota técnica com orientações sobre sinais, sintomas clínicos e demais informações para auxiliar na identificação de casos de intoxicação, além de instruções aos profissionais de saúde sobre a administração de antídotos para o metanol. A notificação pelo CIEVS será a base para as ações de resposta a casos suspeitos.
Atualmente, o Brasil possui 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) do Brasil, que oferecem suporte para diagnóstico, manejo de intoxicações, toxicovigilância e gestão de risco químico. Em São Paulo, há 9 centros disponíveis.
Em MS, o CIVITOX (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica) oferece atendimento 24 horas para casos de intoxicação e envenenamento, atende nos telefones 0800-722-6001 ou (67) 3386-8655.
A investigação dos casos em São Paulo está sendo conduzida pela Polícia Federal em conjunto com os órgãos de controle e vigilância, que já associam as ocorrências ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos comercializados. Aos consumidores, a orientação é evitar a compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal, até a conclusão das investigações.
Sobre metanol
O metanol é altamente tóxico e pode levar à morte. Entre agosto e setembro deste ano, o estado de São Paulo notificou 17 casos de intoxicação por metanol, sendo: 6 confirmados, 10 em investigação e 1 descartado. Normalmente, o Brasil registra 20 casos por ano.
Sintomas de intoxicação
Os principais sinais e sintomas devido a intoxicação por metanol são dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea que podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância. Diante desses sintomas, o paciente deve procurar o atendimento médico no serviço de emergência mais próximo a sua casa para investigação diagnóstica e tratamento adequado. O profissional de saúde deve ligar para o CIATox da sua região para que o serviço de saúde faça a notificação e a investigação do caso
O CFF já alertava sobre o aumento de casos graves e até fatais de intoxicação por metanol desde o ano de 2023, o aumento de casos de intoxicação fatal notificados por alguns Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da região sul e sudeste.
Esta intoxicação é caracterizada pela ingestão de álcool combustivel (etanol consumido de postos de combustíveis), intoxicação relacionada com adulteração do Etanol combustível com metanol, extrapolando o teor permitido de 0,5%, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), em sua Resolução nº 907, de 18 de novembro de 2022, que dispõe sobre as especificações do etanol combustível e suas regras de comercialização em todo o território nacional.
A intoxicação por metanol é perigosa podendo levar a danos graves ou fatais, e pode ocorrer quando há ingestão oral, inalação ou absorção cutânea dessa substância. O seu efeito tóxico está relacionado diretamente com seus produtos de biotransformação (ácido fórmico e formaldeído).
O CFF (Conselho Federal de Farmácia) atua na prevenção de intoxicações, alertando sobre riscos de produtos clandestinos ou irregulares, promovendo a importância do uso consciente de medicamentos e substâncias. Em caso de suspeita de intoxicação, o paciente deve procurar atendimento médico de urgência, acionando o SAMU 192, e se possível, mantenha uma amostra do produto ou o rótulo da substância para auxiliar no diagnóstico e tratamento.
O papel do CFF e dos CRF’s em relação às intoxicações por metanol:
• Prevenção e Alertas: O CFF emite alertas sobre riscos de intoxicações, como o consumo de substâncias sem origem ou registro na Anvisa, e a exposição a produtos com impurezas tóxicas.
• Monitoramento e Combate: Através dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), o CFF monitora casos e busca a estruturação adequada desses centros para o tratamento e a disponibilidade de antídotos, como no caso de envenenamento por arsênio.
• Fortalecimento da Saúde Pública: O CFF defende a criação de uma política nacional de antídotos para garantir uma resposta eficaz e equitativa a emergências toxicológicas.
O que fazer em caso de intoxicação:
• Procure ajuda imediatamente: Ligue para o SAMU (192), Bombeiro (193) ou busque por atendimento médico de urgência-emergência (pronto-socorro).
• Mantenha a Calma: Mantenha a vítima em local seguro e bem ventilado.
• Colete informações: Nome da vítima e identifique o produto, medicamento ou substância. Tenha o rótulo ou a embalagem à mão.
• Siga orientação profissional: Não provoque vômito, não ofereça líquidos ou alimentos, e não administre medicamentos sem orientação médica.